CRIATURAS DA NOITE

Quando caminho à noite, as ruas estão mais desertas. Então posso vê-los. Eles não estavam lá quando eu passara mais cedo. Talvez até estivessem, mas não pude ver pela massa se movimentando de um lado para o outro. Eles são lentos, mas eu noto a sua presença. Pergunto-me se algumas pessoas conseguem vê-los, ou somente eu consigo vê-los. Talvez ninguém veja, pois todos estão preocupados olhando para um mesmo lugar – seus sonhos. Quando olho para o banco das praças, eles estão lá. Quando olho para os chafarizes, eles estão lá. Quando olho para a fome, eles estão lá. Mas quando olho para o futuro, eu não os vejo. Também, no canto das ruas, no lado mais escuro, estão aqueles que cobram para sentir, ou fazer ou outros sentirem prazer. Eles sempre estarão lá, mas infelizmente, nunca serão vistos.

Alexandre Trajano de Lima