Conta uma estória que num frio rigoroso, em um lugar habitado por porcos espinhos, em um ambiente totalmente hostil, promove uma luta difícil pela sobrevivência para esses estranhos animaizinhos. Para se aquecerem os porcos espinhos precisam ficar bem juntinhos uns dos outros, para que o calor do corpo possa ser transferido de um para o outro. Quanto mais juntos, mas aumentam as chances de sobreviverem. Só que há um triste problema, o porco espinho tem um sistema de segurança que acaba ferindo o outro quando ficam bem próximos – os espinhos. O animal que não aguenta as feridas acaba se afastando, ficando solitário e morrendo de frio.
Assim somos nós, quanto mais ficamos juntos, mais nos ferimos com nossos espinhos e aqueles que não aguentam as feridas por muito tempo acabam se afastando. No frio cada um quer sobreviver a sua maneira, do jeito mais reservado possível. Eu mesmo não consegui chegar aonde cheguei sozinho. Não pude enfrentar as batalhas da vida sem a ajuda de alguém, não pude enfrentar o frio solitário da existência sozinho. Talvez o frio maior esteja dentro do nosso coração. Eu também tenho os meus espinhos e acabei ferindo muitas pessoas. A luta pela sobrevivência me mostrou que a sensação de solidão faz parte da vida, mas a vida não precisa ser uma solidão. A vida me ensinou que muitas vezes precisamos engolir o orgulho, sorrir, apertar a mão do próximo, olhar nos olhos e perguntar: Como vai? Acabei percebendo que no frio da solidão, há uma escuridão que precisa ser dissipada pelo calor amigo. Muitas vezes resta-nos caminharmos juntos, não para utopia, mas para o amor. A vida já é bem difícil para se desejar caminhar sozinho, para nos isolarmos dos outros com medo dos espinhos. Conflitos entre nós sempre existirão, mas há um conflito maior dentro de nós – Carne x Espirito. Há pessoas que mudam e há pessoas que nunca mudam. Mas no frio da vida, nunca sabemos quem estará por perto para salvar-nos de morrer congelado e solitário.
Espinhos de ferro foram encravados nas mãos e nos pés do Nosso Salvador. Espinhos menores foram encravados em sua cabeça. Que sejamos comparados com porcos espinhos, não importa, mas que também sejamos comparados com aqueles que sofrem por amor, que lutam pela sobrevivência no amor e morrem por amor. Morrer sozinho jamais. Nas tempestades frias da vida, a frieza maior é não ter o calor do amor dentro do nosso coração. Quando o frio passar e vocês olharem ao redor e virem que sobreviveram juntos, com o calor do corpo, nunca mais vocês se sentirão sozinhos. A vida é assim, e acredito que o Evangelho de Jesus promove a união e não a separação. Jesus suportou todos os espinhos da humanidade. Não podemos nós vivermos em paz?
Se vocês tentarem aceitar os meus espinhos, eu tentarei suportar os espinhos de vocês, para juntos, carregarmos a cruz da vida. Vocês topam? Vamos viver juntos? Unidos? Por favor, o Reino de Deus depende disso. Que o amor seja maior que a dor das feridas e que a dor das feridas, seja também, a sensação tão inevitável, presente e real do amor de Cristo em meio a nossa fragilidade de sobrevivência, rendida pela variação do tempo e pela descoberta de uma vida que não se poder ser vivida na escuridão da solidão, mas sim, no calor humano da existência, e na beleza de se viver juntos, para que nunca sucumbamos à morte, mas sim, a morte para a vida eterna.
12/02/2014
12/02/2014
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