A solidão me persegue. Lembro que várias vezes fiquei a sós com Deus: já dormi dentro de uma Capela depois de tanto chorar aos pés do Sacrário. Houve uma vez que fui abrir uma Igreja para um encontro que não aconteceu; sozinho dentro da Igreja, triste porque ninguém veio, olhei para a luz vermelha do Sacrário acesa na escuridão, fechei as portas e fiquei trancado por dentro e fui rezar. Num evento de retiro de Carnaval, acordei no meio da noite e vi a Imagem de Nossa Senhora das Graças num altar ao final de uma quadra e senti uma voz a me chamar. Já dormi sozinho num Seminário, já fiquei sozinho numa paróquia, e até por esse quarto escuro chamado depressão...a solidão com Deus me acompanha aonde eu vou, não dá para fugir dela. Quando eu estava nessa angústia eu não entendia nada que acontecia comigo, mas entendo agora. Todo este processo leva um bom tempo. Vejo que o tempo de Deus é o tempo propício para a colheita; não dá para fazer um lomeiro dar limões quando eu pedir, eu preciso esperar. Esse momento é entre você e Deus e nada e nem ninguém pode invadir esse espaço. A gente não entende nada mesmo quando está passando pela solidão. Se a gente soubesse que esse é o tempo oportuno de pôr todas as nossas dúvidas pra fora, seríamos mais espirituais do que materiais.
Alexandre Trajano de Lima
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