domingo, 15 de julho de 2012

ESPIRITO DE CORPO


ESPIRITO DE CORPO


O orgulho de muitos jovens em qualquer país é servir nas forças armadas, vestir o uniforme, fazer os treinamentos, carregar uma arma no coldre, a adrenalina nos exercícios de combate, a disciplina, o aprendizado para a vida. Muitos pais também sentem orgulho de ver seus filhos servindo ao país com força, coragem e determinação. A vida militar é algo extraordinário, aprendemos muitas coisas, agilidade em tudo, treinamento para sair de determinadas situações, usar tudo ao redor como ação e proteção. É um regime que visa à hierarquia, disciplina, camaradagem e o companheirismo.
Servi na Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) por quatro anos (2004/2008), fui soldado de segunda classe (S2), entrei com 22 anos, idade avançada, e sai com 26 anos. Eu nunca imaginei servindo nas forças armadas, pois não tinha porte para isso, idade acima dos dezoito anos, altura média, o físico frágil, sabia que seria difícil passar, mas com ajuda de um militar da minha família eu consegui entrar. Nesse período de tempo que prestei serviço na Base Aérea de Fortaleza e o tempo que estou dentro da Igreja Evangélica, como também já fui Católico e abracei a fé independente da religião, notei uma estrutura muito parecida na Igreja como uma tropa militar. Observando a passagem bíblica: E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum (Atos 2:44), pude mesclar a ideia de união que se tem em uma tropa com a união que se deva ter em uma Igreja. Lembro-me da experiência que tive nos primeiros quatro meses como militar, como recruta. Os quatro primeiros meses são chamados de período de recrutamento, onde nós somos treinados para o convívio militar, regime militar. É um período difícil, digamos mais puxado, de maior preparo. Nas forças armadas eles trabalham muito o espírito de corpo na tropa. O que é o ESPIRITO DE CORPO? É o espírito de união, camaradagem, de amizade.
Para trabalharem esse espírito de corpo, um dos métodos utilizados era a corrida diária de cinco ou seis quilômetros por dentro da base, pois lá é muito grande, corríamos bastante. Quando já estávamos cansados, exaustos, com os joelhos e os pés doendo, sentávamos em fila indiana e nos davam uma garrafa de 2 litros com água. Ora éramos uma tropa de 70 soldados para apenas uma garrafa de 2 litros com água. Todos nós tínhamos de beber nessa garrafa, se a mesma chegasse ao último soldado vazia todos nós pagávamos o preço, corríamos mais alguns quilômetros, pagávamos apoio de frente com punhos serrados nas britas, ou na estrada. Se um ou mais errassem todos nós pagávamos pelo erro. E os instrutores diziam: “Ah, vocês não tem espírito de corpo! Vocês são uma tropa desunida! A pior tropa que já comandamos!”
No outro dia quando parávamos da corrida e nos davam a garrafa com água, encostávamos a na boca e passávamos para o companheiro ao lado, e alguns diziam: “Olha eu não quero, eu aguento passa para o outro!” Com isso criávamos em nós uma preocupação com o próximo, junto com o medo do castigo, nos tornávamos mais unidos, mais juntos.
Assim penso como deveria ser a Igreja em nossos dias, com espírito de corpo, de união, de camaradagem, de amizade, assim nos tornaríamos uma tropa preparada para a batalha, para a guerra, quem caísse existiria o companheiro ao lado pronto para ajudar, pronto para socorrer, pronto para passar a garrafa e aguentar a sua sede se necessário, então todos nós deveríamos beber da mesma água da garrafa, ao invés de matarmos nossa sede e deixarmos os outros ficarem sem. Devíamos partilhar da mesma água, do mesmo espírito que habita em nós. Nós sabemos que servimos a Deus não com medo de castigo, mas com amor e que a vida sem Deus não faz sentido nenhum.
Porque se cremos em um mesmo Deus, então estamos juntos, e temos tudo em comum.

A vida é uma guerra e nós somos os soldados de Cristo.  A nossa luta não é uns contra os outros, mas sim, contra o mal, que insiste em destruir a vida das pessoas. Unamo-nos com o mesmo objetivo, com o mesmo propósito. Cada dia que vivemos é uma batalha ganha, uma batalha vencida. A guerra está muito longe de terminar. A guerra pelo bem da vida, a guerra do amor ao próximo.

 

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