ESPIRITO DE CORPO
O orgulho de muitos jovens em qualquer país é servir
nas forças armadas, vestir o uniforme, fazer os treinamentos, carregar uma arma
no coldre, a adrenalina nos exercícios de combate, a disciplina, o aprendizado
para a vida. Muitos pais também sentem orgulho de ver seus filhos servindo ao
país com força, coragem e determinação. A vida militar é algo extraordinário,
aprendemos muitas coisas, agilidade em tudo, treinamento para sair de
determinadas situações, usar tudo ao redor como ação e proteção. É um regime
que visa à hierarquia, disciplina, camaradagem e o companheirismo.
Servi na Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) por quatro
anos (2004/2008), fui soldado de segunda classe (S2), entrei com 22 anos, idade
avançada, e sai com 26 anos. Eu nunca imaginei servindo nas forças armadas,
pois não tinha porte para isso, idade acima dos dezoito anos, altura média, o
físico frágil, sabia que seria difícil passar, mas com ajuda de um militar da
minha família eu consegui entrar. Nesse período de tempo que prestei serviço na
Base Aérea de Fortaleza e o tempo que estou dentro da Igreja Evangélica, como
também já fui Católico e abracei a fé independente da religião, notei uma
estrutura muito parecida na Igreja como uma tropa militar. Observando a
passagem bíblica: E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum (Atos 2:44),
pude mesclar a ideia de união que se
tem em uma tropa com a união que se deva ter em uma Igreja. Lembro-me da experiência
que tive nos primeiros quatro meses como militar, como recruta. Os quatro
primeiros meses são chamados de período de recrutamento, onde nós somos treinados
para o convívio militar, regime militar. É um período difícil, digamos mais
puxado, de maior preparo. Nas forças armadas eles trabalham muito o espírito de
corpo na tropa. O que é o ESPIRITO DE
CORPO? É o espírito de união, camaradagem, de amizade.
Para trabalharem esse espírito de corpo, um dos
métodos utilizados era a corrida diária de cinco ou seis quilômetros por dentro
da base, pois lá é muito grande, corríamos bastante. Quando já estávamos
cansados, exaustos, com os joelhos e os pés doendo, sentávamos em fila indiana
e nos davam uma garrafa de 2 litros com água. Ora éramos uma tropa de 70
soldados para apenas uma garrafa de 2 litros com água. Todos nós tínhamos de
beber nessa garrafa, se a mesma chegasse ao último soldado vazia todos nós
pagávamos o preço, corríamos mais alguns quilômetros, pagávamos apoio de frente
com punhos serrados nas britas, ou na estrada. Se um ou mais errassem todos nós
pagávamos pelo erro. E os instrutores diziam: “Ah, vocês não tem espírito de
corpo! Vocês são uma tropa desunida! A pior tropa que já comandamos!”
No outro dia quando parávamos da corrida e nos davam a
garrafa com água, encostávamos a na boca e passávamos para o companheiro ao
lado, e alguns diziam: “Olha eu não quero, eu aguento passa para o outro!” Com
isso criávamos em nós uma preocupação com o próximo, junto com o medo do
castigo, nos tornávamos mais unidos, mais juntos.
Assim penso como deveria ser a Igreja em nossos dias,
com espírito de corpo, de união, de camaradagem, de amizade, assim nos
tornaríamos uma tropa preparada para a batalha, para a guerra, quem caísse
existiria o companheiro ao lado pronto para ajudar, pronto para socorrer, pronto
para passar a garrafa e aguentar a sua sede se necessário, então todos nós
deveríamos beber da mesma água da garrafa, ao invés de matarmos nossa sede e
deixarmos os outros ficarem sem. Devíamos partilhar da mesma água, do mesmo
espírito que habita em nós. Nós sabemos que servimos a Deus não com medo de
castigo, mas com amor e que a vida sem Deus não faz sentido nenhum.
Porque se cremos em um mesmo Deus, então estamos
juntos, e temos tudo em comum.
A vida é uma guerra e nós somos os soldados de
Cristo. A nossa luta não é uns contra os
outros, mas sim, contra o mal, que insiste em destruir a vida das pessoas.
Unamo-nos com o mesmo objetivo, com o mesmo propósito. Cada dia que vivemos é
uma batalha ganha, uma batalha vencida. A guerra está muito longe de terminar.
A guerra pelo bem da vida, a guerra do amor ao próximo.
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