quarta-feira, 25 de março de 2020

DE DESERTO EM DESERTO

Imagine um homem totalmente fracassado; sem trabalho, sem dinheiro, sem ter terminado o Curso da Faculdade, sem namorada, com depressão, ansiedade, crises de fé...sem esperanças e de um sentido pra se viver - pois é este que vos escreve! Agora imagine todos os dias, esse mesmo homem, rezasse o Terço da Misericórdia num terreno baldio, debaixo de árvores, pisando em folhas e lixo. Eu vivi a experiência Jó, vivi como José no Egito, senti a solidão de Daniel na cova dos leões, senti as paredes do estômago da Baleia que engoliu Jonas, senti o deserto aonde Moisés foi chamado por Deus e o deserto que João Batista vivia.

Quando eu era criança, pedia a minha mãe para acender a luz do quarto porque eu tinha medo do escuros e dos monstros dos filmes de terror que eu assistia. Eu vi a escuridão mais tenebrosa de todas, que a escuridão interior. A depressão é um quarto escuro, aonde nos trancamos com a chave dentro, com medo do mundo lá fora. 

No meio desse lixo que me encontrava, achei no meio das folhas uma medalha. Peguei-a e fui ver qual Santo seria, e era Nossa Senhora Das Graças. Corri para fazer a Novena de Nossa Senhora Das Graças, pois tinha feito várias novenas para a minha cura, e obtive uma grande graça na minha vida. Por isso construímos na Tenda de Cristo uma casinha para colocar Nossa Senhora das Graças dado de doação pelo Padre Ariston.

Nunca pensei viver uma escuridão como essa. Também nunca imaginava sair dela. Eu tinha fobia de sair, tinha medo de sair. Eu não tinha mais vontade de ir à Igreja. Cheguei a dormir 18h porque não tinha mais nada pra fazer. Minha vida era uma solidão muito grande. Minha vida era viver de deserto em deserto. Eu fugia de uma conversa em grupo, pois todos só falavam de seus sonhos conquistados e eu só tinha fracassos pra compartilhar - acabei me afastando das pessoas. A depressão nos faz se afastar das pessoas e, as pessoas nos acham esquisitos e começam a se afastar também, contribuindo direta ou indiretamente para o isolamento social.

Alexandre Trajano de Lima

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